Imagine só você passar os três primeiros anos da vida em um hospital, perder um terço de cada perna e ainda ter motivação para andar de skate. É isso mesmo. Essa é a história de João Henrique de Oliveira, 21 anos, que chama a atenção por onde passa. Não pela deficiência, mas sim pela alegria e vontade de viver.
Fruto de gravidez indesejada, João conviveu com falta de higiene desde os primeiros dias em casa. Um mês foi o suficiente para que ele adquirisse osteomielite, inflamação óssea causada por infecção bacteriana ou fúngica. Foi internado e passou três anos em tratamento. Os remédios não conseguiram controlar a doença e ele precisou amputar do joelho para baixo. A história comoveu uma vizinha que procurou sua mãe biológica e propôs adoção, prontamente aceita.
João então precisou aprender a conviver com a deficiência. Para piorar, teve outras sequelas e necessita usar fraldas até hoje por não conseguir controlar suas necessidades. Esses foram apenas os primeiros obstáculos que precisou pular. "Como perdi as pernas desde criança, ficou mais fácil se acostumar", relata.
O skate só entrou na vida de João aos 18 anos. De tanto observar os amigos andar na rua, um dia ele foi convidado a tentar. "Subi no skate e não queria descer mais. Foi maravilhoso para mim", lembra.
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Sem dinheiro, porém, ele vivia da generosidade dos companheiros até que um dia foi surpreendido. "Meus amigos fizeram vaquinha e compraram um skate para mim", conta. "Minha mãe (adotiva) ficou maluca, tinha e tem muito medo de que eu me machuque, mas nunca caí", completa.
Munido do seu brinquedo favorito, João passou a frequentar o Parque da Juventude, em São Bernardo. "Aqui me sinto bem. Antes não tinha dinheiro para o ônibus, mas agora comecei a trabalhar em um projeto social e consigo andar de skate pelo menos uma vez por semana", comemora.
João não competiu no Jump Fest por conta da deficiência, mas, sem dúvida, serviu de referência e inspiração para os atletas durante os treinamentos, afinal, depois de conhecer uma história como essa não dá aquela vergonha de reclamar de problemas tão pequenos do cotidiano?
Fonte: DIÁRIO DO GRANDE ABC
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