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terça-feira, 20 de setembro de 2011

Não faltaram flips e pães de queijo

Jarbas “Jay” Alves é um glutão. Quando convidado para um piquenique, foi logo sugerindo o conteúdo da cesta: “Uma coisa mineira, assim, um pão de queijo, um tropeiro...”. Tropeiro, Jay? Com o cara, não tem mesa ruim.
 Falando em mesa, a picnic table gringa, obstáculo sempre presente nos vídeos de skate americanos, já tirou o sono de muito garoto brasileiro. E, falando em sono, no dia marcado para o tal piquenique, Jay almoçou demais, dormiu.

Lá pelas cinco e tantas da tarde, quando o sol já deslizava pelas bordas dos edifícios, ele apareceu na Praça da Liberdade. Aqueceu o corpo rapidinho e partiu para cima da mesa. Literalmente, claro. A segurança na execução das manobras é constante no rolé do cara. Nenhuma maçã ou tangerina, nenhum quitute fora ameaçado. Não pelo skate!

Jarbas é mineiro, sim. Subiu no carrinho aos 13 anos e vai envelhecer com as rodinhas sob seus pés. Aos 15, a avó, muito cuidadosa, não o deixava sair para andar. Ele resolveu passar uma temporada em São Paulo com a mãe, na Freguesia do Ó. Virou mesmo foi freguês das ruas do bairro, das sessões de skate madrugada adentro e assim começou a pensar no esporte de outra maneira. A cultura de rua do skate ia empanturrando o moleque. Teve que voltar para BH, tinha que ganhar a vida, se virar. Pensou em deixar o carrinho.
 
A vida então lhe ofereceu um doce: sua nova casa ficava ao lado da extinta 501 Skatepark. Jarbas entendeu o recado. Ali ia evoluindo seu rolé, fazendo amigos e tomando refrigerantes nas pausas das sessions. Entre um gole e outro conheceu Maurício FLG, então dono de uma marca de shapes. Foi seu primeiro apoio no esporte. Mudou de pista. Contratado para dar aulas de skate para a criançada na também extinta pista Radical Green, ele mais andava que trabalhava. “Você quer andar ou trabalhar, Jay?”, lhe descascou o patrão. Óbvio. Aprendia várias manobras por dia, ganhava corpo, chamava a atenção de atletas e empresários do skate, quebrava tudo nos campeonatos amadores. E assim foi.

Agora, na carteira de trabalho tem assinado: “skatista profissional”. Atleta da Converse, criou uma consciência gorda sobre seu ganha-pão e se preocupa com os rumos do esporte. “Numa época na qual um ídolo, vencedor de campeonatos, divide a atenção da mídia com o skatista de rua, a nova geração tem que se conscientizar de que, antes de tudo, o skate é diversão.”
 Sentado à mesa, com uma broa na mão, Jay não está satisfeito: “O skate é um estilo de vida que te pede para ir além. Uma escada maior, um cano mais alto, uma manobra ainda mais técnica”. Certo dia vendeu o carro, que desligou do nada, quando estava a caminho de uma pista. Comprou passagem, voou. Europa. Estrogonofe em Barcelona, chili em Copenhague, macarronada em Praga.

Comeu no rolé! Se jogou tanto nos picos europeus que um osso de seu tornozelo se soltou. Mas isso ele já digeriu, tá inteiro de novo. “Tô no apetite total.”

Fonte: DIVIRTA-SE UAI